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domingo, 24 de outubro de 2010

"Referências" - Vanessa Fernandes, Professora de Ballet

"Cultivamos a nossa mente assim como se cultiva uma semente no solo, que precisa ser regada e cuidada para crescer e dar frutos. Assim somos nós personificados.
Hoje tenho 29 anos de idade, sou professora de Ballet. Tenho a meu cargo cerca de 100 alunos com idades compreendidas entre os 3 e os 25 anos de idade. Diariamente deparo-me com questões, relacionadas com a forma de educar, instruir e cativar alunos. As crianças mais pequenas, fazem o ballet ou a dança moderna como actividade extra-curricular, mas na sua maioria trazem consigo o desejo secreto de poderem ser bailarinas,  e tornam-se sementes fáceis de cultivar. São regadas com o que tenho para lhes ensinar, e querem sempre mais. De tempos a tempos brota uma folha, uma flor...e crescem de forma admirável...e desejo, também eu secretamente, que um dia dêem frutos. Os mais velhos, esses sabem tudo, e qualquer tipo de disciplina é uma seca! Também eles querem ser bailarinos, mas vejo-os muitas vezes sem consciência do que estão realmente a fazer, e sem conhecimento da essência da área em que se estão a formar. Não entendem a diferença entre entretenimento e arte.

Como é que se educa e cultivam crianças e jovens que decidem estudar Ballet ou Dança Contemporânea numa ilha sem referências? Não conhecem mais nada além daquilo que os seus professores lhes transmitem e mostram. Por iniciativa própria poucos são aqueles que procuram saber mais, querer mais, ambicionar mais.
Estabelecido como um grupo de Dança Contemporânea, temos na Região apenas o Grupo Dançando com a Diferença. Outros...para lá caminham, mas não são ainda referências. As referências ajudam-nos a destinguir uma "coisa" de outra. Sem referências não há distinção, sem distinção não há consciência, sem consciência tudo é efémero... De vez em quando, deparo-me com alunos que são jovens promissores. Poderiam crescer, abrir asas e voar, voar pelo mundo, voar em busca das suas ambições, mas deixam-se perder na pequenez dos seus horizontes. Estes poderiam apetrechar as fundações que hoje estão lançadas, enriquecê-las com os seus frutos, e formar as referências do futuro. Secretamente, desejo que ganhem asas, cresçam e dêem frutos, e que um dia tenhamos as nossas referências..."


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