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sexta-feira, 21 de março de 2014

Entrevista Rui Costa - (neurocientista)


Uma entrevista, no programa "Bairro Alto" 

ao neurocientista, Rui Costa, de 21 Dezembro 2013:


Link:   http://www.rtp.pt/play/p1075/e138494/bairroalto

"Alexandre Castro Caldas. "Políticos têm de ter um cérebro um pouco autista"



"É um mito que pode ajudar a manter o cérebro activo?
O cérebro não é uma máquina a vapor. Manter o cérebro activo implica manter muitas áreas a funcionar e isso faz-se vivendo. O núcleo fundamental do comportamento e da cognição humana é a relação com os outros. À medida que envelhecermos ficamos mais egocêntricos, como se o cérebro dissesse que já sabemos tudo."


"Cidades sem ar, pessoas sem tempo: não vamos mudar?"

Daniel Deusdado

link:  http://www.jn.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=3767987&opiniao=Daniel%20Deusdado

"As grandes cidades estão cada vez mais cercadas. De fumo. Paris ofereceu há dias as viagens nos transportes públicos e restringiu o uso automóvel para tentar baixar o nível de poluição. Pequim é o segundo caso mais grave no Mundo - foi considerada "imprópria para viver" pela Academia de Ciências Sociais de Xangai. Pior, só Moscovo. No Museu de Arquitetura de Xangai há uma frase-missão inscrita numa parede que é inesquecível: "O nosso objetivo é voltar a ver o azul do céu em 2030". Parece surreal. Mas quem visitou cidades onde o azul do céu está sempre escondido por uma cortina de fumo sabe o caos que estamos a gerar todos os dias.
"Para além da redução da poluição industrial, temos urgentemente de olhar para a mobilidade. Os transportes públicos são cada vez mais indispensáveis para o futuro das sociedades. Infelizmente, em Portugal estão tecnicamente falidos e sem capacidade de poderem aumentar os preços das viagens ou dos passes sociais. Pior do que isso: não fazem parte das opções para aplicação de alguns fundos comunitários entre 2014-2020 porque o foco está essencialmente nas mercadorias ferroviárias.
Compreende-se muito bem que a União Europeia queira diminuir os camiões nas estradas mas este raciocínio bipolar dos burocratas do costume está profundamente errado. A produtividade dos portugueses seria terceiro--mundista se não tivesse havido bons investimentos nas infraestruturas de transporte - mais metros e intermodalidade. A produtividade dos portugueses necessita de subir e não há melhor forma de incrementar a qualidade do valor/hora do que fomentar o uso de bons transportes públicos. É por isso que, sendo correta a aposta na ferrovia de mercadorias, é um erro desprezar a modernização ferroviária de passageiros para viagens de longo curso e, sobretudo, a dos troços regionais e dos metros das grandes cidades.
Nem tudo significa investir apenas em novos metros ou comboios. Pode também melhorar-se o investimento em autocarros privados que circulem em ligação com a outra rede de transportes - a essencial intermodalidade. É preciso também insistir-se no reforço dos circuitos viários "bus". E é essencial uma nova relação com os sindicatos destes setores para que as sistemáticas greves não destruam uma nova confiança que é preciso construir. Só assim a classe média deixará o carro próprio.
Outro ponto importante: a oferta. As empresas públicas de transporte não dão prejuízos por terem oferta a mais (aliás, ela é cada vez pior) mas essencialmente por terem ocupação a menos. Com taxas abaixo dos 20% não há milagres. Bastaria que este número subisse uns pontos e estas empresas teriam margem para um melhor serviço - incluindo descontos fora das horas de ponta, além de "custos sociais" para franjas, como a população sénior ou jovem - que não pode passar sem ele. Barcelona, por exemplo, tem passes que não estão personalizados. Qualquer pessoa (família, amigo, colega) que quer usar o metro, usa-o. O que se poupa em poluição compensa a "borla". Além do mais, há sempre lugares disponíveis...
Para isto acontecer é preciso penalizar os automóveis. Portagens nas cidades (a par de menos custos nas autoestradas do interior) são inevitáveis - até como forma de contrabalançar um país desigual. Os cidadãos das áreas metropolitanas do litoral têm transportes públicos que não usam e geram dívidas colossais. Entretanto, há um outro país que não tem transportes dignos e ainda por cima tem de contribuir através dos impostos para a STCP, Carris, Metros, etc... Não faz sentido.
Os portugueses necessitam de dar um salto em frente e pensar bem no que fazer aos novos fundos estruturais. Investir em "capital humano" também é diminuir o tempo das deslocações do quotidiano. "Ferrovia" não é apenas facilitar a vida às empresas com as mercadorias. "Pessoas" é algo de muito mais complexo do que "formação profissional" ou "reforço do emprego" através da exportação de contentores. Melhores transportes também é investir nas "pessoas". Sem equilíbrio entre a sociedade e a economia andamos sempre aos ziguezagues."


segunda-feira, 17 de março de 2014

"Cosmologists Finally Capture an Elusive Signal From the Beginning of Time"

"A team of scientists may have detected a twist in light from the early universe that could help explain how the universe began. Such a finding has been compared in significance to the detection of the Higgs boson at the LHC in 2012."


Ler mais:
http://www.wired.com/wiredscience/2014/03/gravitational-waves-b-mode-inflation/

"Não podiam comprar o Porsche mais tarde?"

Nicolau Santos

"Portugal está no fim de um programa de ajustamento fortemente penalizador para a generalidade da população. 660 mil famílias deixaram de pagar os seus créditos à banca. Há mais de 2,5 milhões de concidadãos que vivem no limiar da pobreza. O subsídio de desemprego, o abono de família, as pensões e reformas foram drasticamente reduzidos. Mais de 700 mil pessoas não têm trabalho. Tudo parece correr mal na frente interna.
Tudo? Seguramente que não. A venda de automóveis de luxo em Portugal vai de vento em pôpa, ainda sem a Factura da Sorte do fisco ter começado a oferecer carros topo de gama a quem pedir facturas, criando assim mais excêntricos.
Com efeito, o ano passado houve 300 cidadãos que compraram carros em que um novo jogo de pneus custa mais que o salário mínimo acumulado num ano: três Bentley, um Lamborghini, nove Ferraris, 14 Aston Martin e 273 Porsches.
Se isto aconteceu num ano em que a recessão terá sido de 1,6%, sucedendo a outros dois anos de quebra severa do produto interno bruto do país, o que não se irá passar neste ano em finalmente a economia volta a crescer?
A resposta é óbvia: muito mais carros de luxo vão ser vendidos no mercado português. Para já, nos dois primeiros meses do ano, a Porsche já vendeu 43 carros da marca, mais 53,6% que no mesmo período do ano anterior. A Ferrari vendeu três carros este ano contra nenhum no mesmo período de 2013. E as outras marcas de luxo vão pelo mesmo caminho.
Ora partindo do princípio que todos os compradores são portugueses, a pergunta que se faz é se não podiam esperar um pouco mais para comprar o Porschezinho? Se não conseguiriam viver mais, já não digo uns anos mas uns meses, antes de adquirirem o carrinho? Se não conseguiam circular nem mais um minuto com o anterior modelo? Ou se nunca lhes passou pela cabeça ajudar uma instituição de solidariedade social? Ou investir para criar emprego? Ou ao menos reforçar o capital de empresas? 
É que num país dizimado pelo programa de ajustamento um pouco de pudor talvez ajudasse a suportar a dor e passasse a ideia que, apesar de tudo, os sacrifícios estão a ser mais ou menos bem distribuídos. Assim não. Assim fica-se com a ideia que há muitos que estão a pagar com lingua de palmo este ajustamento - mas há uma minoria que continua a escapar. E que não tem discrição nem vergonha. Não é uma elite na miséria. Mas é uma miséria de elite. "  


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/nao-podiam-comprar-o-porsche-mais-tarde=f861222#ixzz2wEotAhPo


Em 2010, escrevia Martim Avillez:

"Ignaz Semmelweis nunca chegou a saber que entrou para a história da medicina como o 'salvador das mães'. O médico húngaro descobriu em 1846 que se todos os médicos lavassem as mãos antes dos partos as mul
heres deixariam de morrer da terrível febre puerperal. Mas morreu antes que alguém o levasse a sério."

"enquanto a economia cresceu 659% entre 1985 e 2008, a despesa disparou 803% e os impostos 964%."

"Afinal, 43% dos impostos efetivamente liquidados em Portugal foram pagos por famílias com rendimentos entre 32 e 50 mil euros por ano. Isso, famílias que vivem com menos de 1500 euros líquidos por mês. São os remediados quem financia a maior fatia de toda esta despesa."


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/lavar-as-maos=f603924#ixzz2wEtuRpC5
Livros publicados na edição Expresso sobre as Religiões.
O prefácio é de José Tolentino Mendonça.