Pesquisar neste blogue

domingo, 13 de junho de 2010

“Esta crise foi diferente”


 A Revista Exame (pgs. 66 – 70), de Maio, apresenta um artigo com o título em epigrafe da autoria de Jorge Nascimento Rodrigues.Destaco do artigo:

“Um estudo da investigadora brasileira Heloísa Marone, do Programa para o Desenvolvimento da Nações Unidas (PNUD), mostrava que, entre 2001 e 2007, a maior contribuição para o crescimento económico mundial foi dada pelos países de médio rendimento per capita, ou seja pelos países emergentes do antigo Terceiro Mundo. Esse grupo contribui com 55% contra 35% por parte dos países ricos.”E se centrarmos a análise entre 2005 e 2009, já com os efeitos desta grande crise em curso observamos que a contribuição para o crescimento mundial por parte dos países de médio rendimento per capita subiu para 67,5%!”, diz-nos Marone, que acrescenta este número impressionante: “Esta contribuição é hoje quase quatro vezes a que esses países deram no período de 1960 a 1990.”
A segunda mudança de fundo é que a dinâmica de mobilização de capitais à escala mundial deslocou-se para a Ásia. A capitalização de mercado na Ásia passou de 16%, do total mundial em 2000, para 31%, em finais de 2009, passando à frente da Europa.” (Pg. 66)

“Retrato da Financeirização”
“- 72 biliões de dólares – Investidores (incluindo fundos de pensões)
- 11 biliões de dólares, 90% em veículos de securitização.
Sistema bancário “sombra” ou “paralelo” de intermediários entre os investidores e a banca.
- 241 biliões de dólares – Capital financeiro “real” (acções, obrigações públicas e privadas, depósitos).
683 biliões de dólares – Capital financeiro “virtual” de derivados over the counter (OTC, negociados directamente entre as partes).” (Pg. 68)

“o que os técnicos chamam de “profundidade financeira”, ou seja, o peso dos activos financeiros no produto interno bruto (PIB) de cada país, disparou de um modo “insano” entre 2002 e 2007,  diz o investigador brasileiro João Gabriel Palma, da Faculdade de Economia da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. E, provavelmente, para espanto de muitos, a economia mais “financeirizada”, antes do rebentar desta crise, nem era a norte-americana, revela num trabalho publicado no Cambridge Journal of Economics, do final do ano passado. Os campeões da referida “profundidade” são a Irlanda (900%), o Reino Unido e a França (700% cada um), a União Europeia (cerca de 600%) e o Japão (550%). O país que inventou a moda ficou-se pelos 450%.
Gabriel Palma junta mais uns dados para compor a imagem da evolução da financeirização:”As quatro componentes do stock de activos financeiros globais – incluindo participações, obrigações privadas e públicas e depósitos bancários – aumentaram nove vezes em termos reais entre 1980 e 2007. Deste modo, esse stock passou de 1,2 vezes o PIB mundial para 4,4. O mercado dos derivados over-the-counter, a que Warren Buffet uma vez chamou “armas financeiras de destruição maciça”, aumentou 7,5 vezes nos últimos dez anos, ou seja passou de 2,4 vezes o PIB mundial para 11. O envelope financeiro do mundo, incluindo activos reais tradicionais e instrumentos financeiros novos, é 15 vezes o PIB mundial.Percebe-se o adjectivo “insano” usado pelo investigador brasileiro”( pg. 68)

Sem comentários:

Enviar um comentário