"O ataque especulativo ao euro na Primavera de 2010 marcou a guinada das políticas orçamentais e do discurso na UE. Em vez de empreender uma saída suave dos fortes apoios estatais à economia despendidos em 2009, soou o alarme do sobreendividamento, nomeadamente da Grécia, de Portugal e de Espanha. Adicionalmente, agravou-se de forma alarmante a crise da banca na Irlanda, que atirou o défice público daquele país para impensáveis 32% do PIB. A hora passou a ser cortar os défices, rapidamente e em força. Nesta matéria não há mistérios: cortes na despesa pública e reforço de receitas do Estado, uma fórmula que já a conhecemos de 2002 a 2004, com os Governos PSD/CDS, e de 2005 a 2007 com o primeiro Governo de José Sócrates. Simplesmente, desta vez, existindo uma desconfiança acrescida por parte dos credores acerca da capacidade de cumprir os compromissos financeiros por parte dos países seus devedores, o grosso da redução tem recaído nos cortes na despesa: por terem efeitos mais duradouros; por demonstrarem a determinação dos governos em alcançar, com medidas muito impopulares, défices sucessivamente mais reduzidos nos próximos três anos; pelo facto do nível já atingido da carga fiscal dar sinais de crescente ineficiência na colecta de impostos adicionais. E isso está à vista no OE para 2011: 4100 milhões de euros a menos na despesa total, para um aumento de 2000 milhões de euros na receita fiscal. Nunca foi feito em Portugal. Será exequível?"
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