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domingo, 20 de junho de 2010

“Nunca tinha criado nada a partir do zero” - António Barreto


Entrevista de Áurea Sampaio a António Barreto, Sociólogo, e Fotos de Gonçalo Rosa da Silva, publicado na revista Visão, de 17 a 23 de Junho 2010, páginas 44 a 50.
Alguns destaques desta entrevista:
“De repente, quando se preparava para a reforma, foi convidado para construir uma fundação. O que fez. E, em pouquíssimo tempo, colocouna net uma base de dados acesível a toda a gente – a Pordata -, começou a publicar livros a preços acessíveis, lançou estudos e prepara-se para organizar conferências. Continua polémico, a dar a cara e atento ao mundo”.

À pergunta de “Como aconteceu este convite para presidir à Fundação, respondeu:
“Foi uma total surpresa para mim. Eu não conhecia, ou melor, tinha encontrado uma vez o senhor Alexandre Soares do Santos, talvez em 1981, ainda não havia Jerónimo Martins nem Pingo Doce e ele estava aqui, na Unilever. Por intermédio de um amigo comum, convidou-me para fazer uma conferência aos quadros da empresa. Assim fiz, conheci-o nessa atura e não o voltei a ver. E, um dia, estava eu a preparar-me para a reforma, já tinha metido os papéis na universidade e começado a fazer o meu plano para os primeiros dez anos como reformado – os livros que queria acabar, as coisas novas que queria fazer, as viagens a empreender… quando recebi um telefonema dele. Pretendia conversar comigo, numa primeira abordagem, para saber a minha opinião sobre um gesto que ele próprio e a sua família desejavam efectuar: a criação de uma fundação e também sobre os seus objectivos. Fiquei surpreendido, pois não é frequente, em Portugal, famílias ricas e empresários dispensarem, para bem público, uma parte da sua fortuna…”

“Houve um rebaixamento de critérios morais, científicos, técnicos. A ideia é a de que é preciso ser fácil para chegar a todas as famílias e aos filhos dos trabalhadores.
O problema é que o resultado é o contrário da democraticidade que se pretende, porque quem vai sofrer são precisamente essas famílias.”

“Para mim, as liberdades e a democracia funcionam na base de um tripé: a urna de voto, o tribunal para a Justiça e a estatística, que é a informação.”

“Os mais desfavorecidos estão indefesos. As classes mais altas podem defender-se com explicações, com professores privados, com o acesso quotidiano a meios culturais mais elevados, os outros não têm hipótese.”