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quinta-feira, 17 de junho de 2010

“Portugal deveria recorrer já ao pacote de ajuda internacional”


“Portugal deveria recorrer já ao pacote de ajuda internacional”, o título à entrevista feita a Teresa Ter-Minassian, consultora internacional (reformou-se em 2009, após 37 anos a trabalhar no FMI. Colabora com instituições como o Banco Mundial ou o Banco Inter-Americano de Desenvolvimento), e que liderou a equipa que negociou a intervenção do FMI, em Portugal, no início dos anos 80, pelo jornalista Rui Peres Jorge, do Jornal de Negócios, na edição de 9 de Junho, nas páginas 26 e 27.
Dessa entrevista destaco:
“A economia nacional até poderá conseguir passar sem recorrer à EU e ao FMI, mas utilizar o financiamento oficial ajudaria a fazer o ajustamento necessário com menos dor.”

“As dinâmicas nas expectativas de mercado são muito negativas. É por isso que penso que é melhor montar um pacote coerente de financiamento oficial que diga aos mercados que o País não precisará de financiamento no curto prazo.”

“Portugal já provou que é capaz de fazer ajustamentos.”

“O problema na Europa é que alguns países, Portugal incluído, têm não só um problema orçamental, mas também um problema de poupança nacional demasiado baixa, que levou à acumulação de um grande volume de dívida externa, pública e privada. São esses países, na Europa emergente e do Sul, que agora estão mais vulneráveis e sob pressão.”

“Portugal enfrenta um problema de falta e poupança que tem de ser corrigido, o que passa por aumentos de produtividade e por moderação salarial. Por algum tempo, Portugal e outras economias poderão passar por um período de baixo crescimeno e de ambiente recessivo. Infelizmente, esse é o preço a pagar por ter acumulado demasiada dívida. Mas se a economia mundial não caminhar para outra queda, então Portugal deve conseguir encontrar nichos de mercado para promover uma recuperação puxada pelo exterior.”

“Não é apropriado que todos consolidem ao mesmo tempo e à mesma velocidade. A redução dos défices deve ser mais centrada nos países do Sul. Se a Alemanha se jutar, então o risco recessivo aumenta. Espero que os alemães se apercebam que se não derem o seu apoio na saída da crise, suportando a procura na Europa, então haverá problemas. Eles vão beneficiar muito da queda do euro e, por isso, no curto prazo, podem, e devem, ser relativamente expansionistas.”

“A Alemanha é uma economia muito madura e não podemos esperar que o consumo cresça ao ritmo de outras economias. Dito isto, acho que poderão tomar algumas medidas estruturais, nomeadamente em termos de liberalização do mercado de retalho, que ajudem a estimular a procura interna. Mas o consumo alemão nunca vai crescer 3% ou 4% ao ano. É importante – e a queda do euro ajuda – que se aposte em mercados fora da Europa.”

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