"Um país no prego"
"No ano passado, os serviços fiscais deram mais de dois milhões de ordens de cobrança coerciva, dos quais 532 mil incidiram sobre vencimentos e salários.
Ora sabendo que o fisco só avança para a penhora de salários e vencimentos depois de tentar penhorar rendas, contas e depósitos bancários (ou outros créditos financeiros), chega-se à conclusão que estes 532 mil cidadãos não têm nada mais se não o seu salário para fazer face aos compromissos que deixaram de pagar.
O espantoso é que sabendo que o número de trabalhadores por conta de outrém ronda os 5 milhões, isto significa que 10% da força laboral portuguesa tem parte dos seus salários penhorados por dívidas fiscais.
Ora com a subida de impostos dos últimos anos e a descida ou congelamento de salários só se pode esperar que esta situação se venha a agravar nos próximos tempos. Continuar a insistir nos cortes salariais, como faz a troika, só vai fazer alastrar este processo. Um dia destes descobrimos que metade do país está penhorado - e a outra metade anda a colocar os bens que ainda têm no prego para não lhe acontecer o mesmo."
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