"No planeamento do Voz na Matéria fui seleccionada para falar sobre Gestão Cultural, mestrado em que estou matriculada na UMa. Raramente o fiz. Abordei muitos assuntos de carácter variado mas nesta minha participação vou, pela primeira vez, partilhar um pouco da minha experiência da Gestão Cultural na Madeira.
Sociedade e Cultura Madeirense, Estudos Interculturais, Marketing, Gestão Cultural de Projectos Multimédia e Artísticos, Empreendedorismo, Matrizes da Cultura Ocidental, Gestão Cultural no Âmbito da Comunicação Global , Análise do Discurso Mediático e Literatura, Cultura e Media foram as cadeiras do ano curricular. Com uma propina elevada para muitos, este 2.º ciclo tinha como objectivo a aquisição de competências no sentido de podermos, em contexto laboral, criar e gerir projectos e dinâmicas culturais criativas, através de ferramentas de gestão adequadas.
Outras academias do país prevêem, na sua oferta formativa, este mesmo mestrado. A Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, do Instituto Politécnico de Leiria e a Universidade do Algarve e o ISCTE oferecem este mesmo mestrado onde cadeiras mais práticas e, talvez, mais pertinentes como Princípios Básicos de Contabilidade, Programação de Eventos Culturais, Gestão de Organizações Culturais, Sociologia Cultural, Gestão da Cultura, e Projecto em Cultura, Direito Aplicado à Cultura e Estudos de Mercado da Cultura fazem parte do plano de estudos.
Onde quero chegar? Afirmar que Gestão Cultural na UMa não está bem pensada, que não é um bom mestrado? Não. Não se trata disso. Apenas considero que este mestrado que a UMa oferece necessita de uma urgente reestruturação, pois os próprios mestrandos da UMa continuam a procurar formação suplementar, dentro e fora da Academia. Temos mestrandos que procuraram o curso que teve início no dia 25 de Outubro, num total de 66 horas, no Universo de Memórias? Não seria de esperar que 2 anos lectivos fossem mais do que suficientes?
É benéfica a reciclagem de conhecimentos e a busca por mais e melhor formação, mas será normal que esta procura tenha lugar ainda no decorrer de um Mestrado em Gestão Cultural? Como podemos falar em Gestão Cultural sem abordarmos assuntos como Políticas e Instituições Culturais, Liderança e Gestão de Equipas, Gestão na Cultura: Sustentabilidade Financeira e Angariação de Financiamentos, Financiamentos Públicos, Cooperação e Redes Culturais e Marketing nas Organizações Culturais?
De acordo alguns estudos recentes, o sector cultural representa 2,8% do PIB português e tem taxas de criação de emprego superiores à da maior parte dos sectores da economia. Não será este um motivo mais do que suficiente para exigir a reestruturação deste 2.º ciclo de estudos que mais parece uma licenciatura? Não devemos nós apostar mais na cultura?
Para mim, este Mestrado foi e está a ser muito gratificante, interessante e um desafio às minhas capacidades, principalmente de organização e de gestão do tempo. Contudo, não posso deixar de considerar que, tal como fazem em outras Universidade do país, na Universidade da Madeira deveriam incluir disciplinas mais pertinentes no plano de estudos deste mestrado ao invés de se utilizar verbas para que esses mesmos assuntos sejam abordados em pequenas conferências de 2 horas."
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