O livro “A Fala do Índio”, de Teri C. McLuhan, fala-nos do que pensaram os índios, através da tradição oral, da chegada dos brancos às suas terras.
Pensamentos que hoje, creio, nos suscitam muita reflexão. Apesar da distância do tempo, parece que a essência é a mesma, ainda que noutro tipo de situações.
Gostaria de deixar um breve texto da Introdução do livro, dedicada a “O Espírito da Terra”:
“O sofrimento do homem índio, ao assistir à destruição do seu modo de vida, nunca foi inteiramente compreendido pelo homem branco, e talvez nunca o venha a ser. Quando Alce Negro, profeta dos Sioux Oglalas, fala da “beleza e singularidade da terra”, refere-se à veneração do meio ambiente na vida de todos os dias, um meio ambiente que se encontrava numa integral interdependência com a vida do autóctone americano. O extermínio dos rebanhos selvagens e a invasão das terras ancestrais levaram à degenerescência e ao aniquilamento duma certa forma de vontade e dum certo estado de espírito dos povos nativos americanos. O que os Índios eram não poderia, sem um grave empobrecimento espiritual, ser separado o seu habitat e do modo como nele viviam.
Os Índios, neste livro, falam por si mesmos da qualidade de vida que era a sua. As passagens apresentadas provêm de discursos – e, mais recentemente, de artigos – de índios que viveram ou vivem em todas as regiões do continente norte-americano, entre o século XVI e o século XX. Referem-se sempre com respeitosa atenção à terra, aos animais, aos objectos que constituíam o território onde habitavam; não viram mérito nenhum no facto de imporem a sua própria vontade àquilo que os rodeava; a quase totalidade dentre eles considerava a propriedade privada como o caminho conducente à pobreza, e não à riqueza. A sua razão de viver identificava-se com as suas relações recíprocas, e estas relações com a terra natal; a memória dava profundidade e ressonância ao conjunto.” (Pg.15-16)
(In Teri C. McLuhan, 2000, “A Fala d Índio”,Lisboa: Artes Gráficas, Lda.)
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